sexta-feira, 4 de março de 2011

A VIDA COMO UM SOLO DE BLUES - homenagem a Jimi Hendrix e mestres do lamento negro

Estava pesado
Tenso
E pálido
Chegando em casa
Ouvi um lamento
Decidi dar um tempo
Lamento negro

"Neura 
Fala em  mim
Soa mais forte 
Que um solo de Jimi
E me console"
1000 decibéis de blues 
Minha calma angústia
A melodia da guitarra 
Penetrou na sala 
Coração cansado
Rabugento peito
Derreti horas a fio 
Lamento negro

Mestres do blues
Anti-herois de tez parda
Sinto a melodia
Colorir minha sala
Morra comigo blues
Minha cruz suaviza
Alma rebelde e cativa
Lamento negro

Relaxando a cuca 
Agindo devagar
Compasso 4 por 4
Uma coisa de cada vez
Prazer de viver
Celebração no cantar
Já não sou tão cativo
Lamento negro

Respirando tranquilo
Contagiado 
Pelo lirismo 
Pulsante, vivo 
Do solo de blues

(solo)

Vou sair de casa
Não volto tão cedo
Agora não sou tão só
Lamento negro

Preparo um drink
Sinto a brisa à janela
A vida está além 
De toda correria 
A vida está além 
Da paranóia
Sirva-se do meu peito
Esqueça a noite inglória
Lamento negro

"Perto do coração selvagem"
Ritmo introspecto 
Cada coisa segue seu pulso
Pensamentos, sentimentos 
No compasso desse blues
Lamento negro

Sem tanta pressa
Sem correria 
A consciência manifesta
Uma leveza
A consciência
Cumpre o dever com graça
E o olhar
Mais doce 
Tangencia 
Humanidade 
Em vez de urgência
Lamento negro

Seguindo meu ritmo
Nunca mais vou tirar 
Esse blues do meu peito
Nem me abandonar 
Esse canto negro

Venha o que vier
Desabe o céu
Seja violento
Convertam em inimigos
Sou mais compacto
Que um tufão
Uivo pra lua
Rastreio no chão
Lamento negro

Ainda que eu trema 

E tropece
Caminhando sereno
O que vem de dentro 
E age calmo
Fala soberano
Mesmo que tenha dor 
Ou fardo
Seja jovem ou velho
Lamento negro

E os solos de blues 

Que executar
Minha carência
Labuta e sina
Celebração da estrada
Cicatriz e sossego
Sem pressa, sem medo
Lamento negro

SKELTER - 16-6-2005

Um comentário:

  1. Cara, muito fino!! falou e disse, muito foda seu texto!...

    Me lembrei do livro de Dostoievski, "Os irmaos Karamázov", no final dele, o personagem Aliocha, fala que uma boa lembrança pode salvar uma vida, ela pode ser seu ponto de força nao importa como esteja, esse boa lembrança guardada no coraçao nao muda! Ele diz isso para uma turma de garotos, lembrando do momento de uniao q eles estavam tendo após a morte de um deles...

    É mais ou menos o que vc diz no texto,
    Parabens!!

    PS: visitem meu blog tambem:
    www.moisesprado.blogspot.com

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