sexta-feira, 4 de março de 2011

UM PONTO DE VISTA PESSIMISTA SOBRE O AMOR

Não existe amor como idealiza-se
O que existe é cooperação
União de dois seres fortes ou fracos que se identificam na ferida
Não existe amor
O que existe é contrato
Não existe amor
O que existe é solidariedade orgânica
Não existe amor
O que existe é medo de solidão, de desamparo, convertido em afeto
Não existe amor
O que existe é propaganda religiosa
Não existe amor
O que existe é ideologia muleta ressentida
Ou vaidade intelectual que projeta o inconsciente pra se sentir superior a quem "não ama de verdade"
Não existe amor
O que existe é libido
Não existe amor
O que existe é mito, fantasia, refúgio de presas
Não existe amor
O que existe é vingança contra o desafeto,
Conspiração contra o egoísmo do mais forte
Não existe amor
O que existe é dificuldade de sentir poder ou segurança diante do outro
Ou autenticidade de homem vil ou dificuldade de libido
Os valores de "amor" e da "humildade"
Servem muito mais para os fortes domesticarem os homens
E sua sede de conspiração
E aos fracos a se adaptarem à sua vida de formiga
Domesticam sua potência, a vitalidade que vem da sua agressividade, instinto, libido, Energia
Servem pra dividir o homem
Para que ele não aja como um lobo do homem, que ele de fato é
O amor é uma coleira pra não ameaçar morder o poder nem desestabilizar ao bel-prazer o casal onde o elo é inseguro
A melhor forma de subjugar um inimigo
É inventar um outro inimigo para ele
Um inimigo interno
Assim se subjuga sua força com sua esmerada e afetada delicadeza
Assim o inimigo dispersa sua ENERGIA
Lutando contra SI MESMO
Em vez de ter unidade, consciência de si animal
De sua natureza, intuição, desejo e ambição
Coerência interna
Não existe amor
O que existe é poesia e sentimentalismo
Complexo de édipo mal resolvido
Pieguice
Catarse de um sofrimento prolongado solitário e projetado num outro
Reflexo no outro da própria ferida
Forma sutil ou grosseira de estoicismo
Forma sutil de ter o outro em seu laço, em seu cardápio
Modo de arrendar o coração alheio
Modo de perpetuar a espécie
De garantir o desenvolvimento da prole
Amor é um escudo
E pode ser uma lança contra os "maus poderosos e egoístas"
e os sensuais
Não existe amor
O que existe é um sentimento de fragilidade
E a criação de uma muleta para caminhar na selva de pedra
Onde cada um compete pelo seu espaço
O amor é um tratado de não agressão entre seres cansados
Em que decide-se alienar sua vontade de predador e idealizar a consciência do outro predador
Em troca de segurança, proteção, aceitação, aliança
Por fim, o amor é uma droga
Como cigarro, álcool e açúcar, vicia e mata

Um comentário:

  1. O Cayme não disse que é doce morrer no mar?
    pois é doce morrer no amar...

    E tem tudo isso que cê bem observou também.

    A gente tem de peitar.

    O amor é um descanso na loucura.

    ResponderExcluir