domingo, 27 de fevereiro de 2011

SINFONIA FUTURISTA - tributo a Metal Machine Music (Lou Reed)

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PARA SER RECITADO AO SOM DE METAL MACHINE MUSIC

Estando eu no prepúcio
da má vontade
Prepúcio do tédio
E no crepúsculo de outras atra-i-ções
Eu, 
Como num ritual ante a morte
Vou cantando canhoto 
Quaiquer coisa

Sem um instrumental, 
Ligo o rádio
Não nas músicas
Que destoam do ritmo que canto
Do meu caráter dodecafona
Sintonizo a falta de sintonia
Fora do ar é só um chxxxiado
-penetrante
É um som denso
Sem influências
e autêntico
(quem sabe é a nova era?)
Que serve  pra acompanhar meu canto
Que tenho vergonha que alguém ouça
Então esse chxxxiado
-lancinante
Me protege de alguém
Me protege de você
Eu me faço ser ouvido 
Mentalmente no estridente
E ninguém lá fora tem o poder de me ouvir
O meu solo de uma nota só
Impede a aproximação de estranhos normais
-sua aproximação
E vou cantando
Eu unplugged
Eu
Canto algo que tenha um sentido absurdo 
Solipsista
Enquanto rosno uma letra
Algo parece fluir
Existir
Concretizar
É o próprio ritmo desritimado 
Desfibrado
É a palavra não dicionarizada
Aqui na minha voz que se perde no comprimento do ar comprimido
Enquanto canto 
Somente Sou
A extensão do indefinível inquieto 
E do simples complexo
Sou apenas uma voz
Sou apenas um ruído
E a vida parece ter consistência
Sublinhada na voz 
Dentro do tom da falta de tom
Lancinante e agudo
Zumbido
Zumbizeira
Arquejo
De frango
És tu
Entre as mulheres
Entre o som do novo milênio
Desfolhado
Encapelado
Sozinho
Sôfrego
Não mais
"No more
Lonely nights"
E até a vida parece densa 
Sem dança
Quando é só uma voz
Um só movimento
Um só foco
Um sufoco
Desfocado
E aborto
Abortivo
No ruído
chxxx
O movimento de tudo ser uno
Frágil, precário
Precavido 
Na falta de sentido
Caótico
Dinâmico
Orgânico
Anárquico
Uma dança
Um balé
Executado à beira da execução
Dos dançarinos
Imagens mais soft
Mais light
Para o disparate
De um coração
Morno
Regular pressão
Sem sustos e vícios
No coração da cidade
Ocaso
Pátria do desbunde
Mutação genética
Somos o novo som
Ruídos e farsas
Novos nomes pra coisas antigas
Ancestrais
Dilúvios
Sonoros
Picantes
A mesa está posta
Faça um barulho
Ninguém vai te ouvir
Tudo entra no tom
Na Sinfonia Fora de Tom

No aborto
Dos indecisos
Dos vagantes sem ermo
Dos luminares sem êxito
Dos que pregam pros cachorros
Ou como São Francisco
Dos que pregam pra porcos
A mando do Vaticano

Ou como os assassinos
Condenados à morte
Recém convertidos
Na melhor das hipóteses
Esperando que não seja
O pior dos castigos
No inferno
Morrer de tédio
Ou morrer de vício
Morro de agonia?
Renasço
Na toca do horizonte
Edifício perfeito
Torto como a Torre de Pizza
Como um pênis
Convalescido
Convencido de nada
De nada agradecido
De nada envolvido
Greatful Dead
Morto Agradecido
Mas aqui jazz um morto
Ingrato e soturno
Noturno
Solto 
No espaço
Jaz no ocaso
Um brinde ao triunfo
Blitzkrieg sonoro
Triunfante êxito
À nova Alemanha
Fascista e eletrônica
Kraftwerk e a Mona Lisa
Berlin e Belo Horizonte
Horizonte sem abrigo
O abrigo debaixo de escombros
O exílio cercado de minas
E bombas
Acima
Câmaras de gás
Que venha Alcatraz
Estou preparado
Estou farto

Pra ser torturado
Sons dissonantes
No tango
Avantes
Chxxx
Complemento
Cada interferência
É aclimatada
No canto 
De quem não sabe de nada
Não sabe fazer música
Mas quem não sabe?
Sabe morrer
E respirar
Já é músico e dá aula
Na Sinfonia Fora do Tom

Distorção
Feedback
Assalto
Noise
É noise
Pro futuro
Sem futuro
Do palhaço sem circo
Dos que não tomam banho
Com roupas rotas
Fazendo o som do amanhã precoce
Ejaculando precocemente não
Antes fosse
Ejaculando sob tortura
Com um fio de nylon
Com serol
Enfiado no seu botão
Ainda jazendo a milhas daqui
Você se recobre
E eu me despeço
E muito
Eu peço
Pra me esquecer
Nessa onda maquiavélica
De citações nazistas
De olheiras profundas
Café e cigarros
Tragos na bebida vagabunda
De tudo um pouco
De nada nessa vida
De tudo "a miséria S.A. 
Que acabou de chegar"

Chxxx

Chiado
-penetrante
Dilúvio
Sonoro
No canto
Abismo
Acalanto
De intrigas
Rimas
Rima
Rime
Rimem
No hímen dos intocáveis
Sem sons harmônicos
E melodias
Armadilhas
Covil
Intrigas
Não quero mais escalas
Quero buzinas
Quero futurismo
Quero chacinas
Guerras e vizinhas
Estupradas
Depauperadas
De pernas pro ar
De pernas pra cima
De pernas abertas
Prontas pra receber
Um jato de esperma
Cansado de chacinar meus gametas
Em solitárias pias
Latrinas
Revistas
Telas de computador
Que não mais secam
No calor
Tropical
Laranja mecânica é eufemismo
Futurismo "No Future"
E acalanto
Pós-orgasmo
Arrependido
Furioso
Enaltecido
De glória nenhuma
Frio
Como som eletrônico
Kraftwerk 
Comprimido
Comprimidos
Latrinas
Vazias
Morte
Esquinas
Vãos da estrada
Que dá em nada
Que dá em 
Chxxx
ado
Chxxx
ado
Sem compasso
Quaternário
Fora de tom
Chega de orgasmos
Chega de doces
Chega de orvalhos
Quero o azedume
Dessas putas arrebatadas
Um ovário que contém
200 ml de sêmen
E não tem pra mais ninguém
Aqui quem fala já morreu
Aqui quem fala sou eu
Perdido no umbral
Num romance astral
Com a dor
De não ter dor
Com a dor de peito
Com a dor de cabeça
Com a dor do parto
Sem sobremesa
Com a dor de nascer
Sem ter onde morrer
Com a dor de morrer
Sem ter onde renascer
Pairando no abismo
Infinito
Os olhos comprimidos
Comprimidos azuis
Pra dormir melhor
Fumarato de quetiapina
É a receita do dia
E eu vou ficando
Débio mental
E você está alugando
No meu jornal
Um espaço de emprego
Pro seu ouvido
Pra sua atenção
Não cobro na entrada
Mas se sair sem pagar
Te pego na esquina
Te mostro a gasolina
Te encharco
Te furo
E faço um número piromaníaco
Te mando pro novo Faces da Morte

Aqui é chxxx
ado
Não tem intervalo
Acostuma-se com isso
Melhor um dia estar surdo?
Ouvirá na eternidade
Feedbacks
Distorções
Atonais
Transações
Comadres
E compadres
Venham
Que já é tarde
Estou e estais
De passagem
No mundo do caos
No mundo da cidade
O novo som
Me contamina
Agita minhas penas
Esconde sua saliva
Não arrote na mesa
Seu som não destoa
Mas minha imaginação condena
O que não é espelho
Por isso um som
Solipsista
Sonic Youth
Estaria bem na plateia
Ou acompanhando
A cerimônia
2.000 alto-falantes
2.000 sem cerimônia

Chxxx
ado

E não tem descanso
E não será pago por isso
No final me aplauda
Ou saia calado
Qualquer som não destoa
Mas não faça melodia
Mas não faça sentido
Com as palavras vazias
De um discurso 
Vazio
De uma retórica
Idem
Do seu racionalismo
Do seu academicismo
Do seu achismo
Da sua prepotência
De seu semi analfabetismo
De seu sêmen louco e combalido
Ou de muito escolarizado
Mas com uma inteligência cariada
Sem caos
Que não apraz a nada
"Ainda há caos dentre de vós?"
Pergunta o filósofo bigodudo
Nietzsche pra cima e pra baixo
Mas nada é meu triunfo
O poder 
Desejo de potência não
Desejo de impotência
Id de morte
Ide e não voltai
Pulsão de morte
De nadificar as coisas
Nivelar tudo por baixo
Ou por cima
Ou dentre camadas
De chamas
E de migalhas
De sortes avestruzes
Que enfiam
Sua cabeça pequena
Na areia
E engolem pedras
Como você engoliu aquele esperma
Como você se entopiu nas artérias
De medo e de culpa
De deveres e danças pra chuva
Aqui não tem abrigo
Melhor ser atonal
Dançar conforme a música,
Aqui é não dançar
Ou dançar com uma agulha
Na cabeça
Acupuntura
Na cachola
Uma bala sustenida
A arma apontada
Não tem saída
Você pagou pra me ouvir
Você pagou
Agora tem de pagar 
Tem de pagar de novo
Você paga pra sofrer
Você paga pra viver
2 anos a mil
E eu educo o Brazil
Com ruídos
Sobrepostos
Sobre o funk
Sobre o discurso
Científico
Religioso
Sertanojo
Pagodeiro
Metalóide
Alcalóide
e sem Freud
Que ele não explica o ruído
Mas tentou
O Inconsciente
Ainda grita
Pulsa de medo
Pulsa de impulsos
Sem mandamentos
Patricidas
Parricidas
Incestuosos
Lombrigas
Devaneios
Todos
Estão à mesa
Tolos
Estão à beça
A questão é ir mais fundo
Sinta o cosmos
Sinta o ruído
-penetrante
Lancinante
O dilúvio
Metamorfose
Sol
Escafandro

Chxxx
ado
Chxxx
ado

Como o canto dos pássaros
Como a água da chuva
Como o chuvisco das ondas na TV 
Fora do ar
Fora do ar
Mas o que está no ar?
o Fora do Ar
Está no ar

O derretimento
De todas as ilusões de persona
De todas as identidades
De toda razão
De toda retórica
De todos os partidos
De todas as filosofias
Do pós-moderno
Ao meu quintal
Passando pela colheita
E pela estatística da posse de bola
5 escanteios
3 chutes a gol
Nenhum gol marcado
Marcação cerrada

Chxxx
ado

Chxxx
ado

Tenho pra você uma nova dieta
No fim do mundo
Não se ouvirá mais música
"A vida sem a música seria um erro"
Disse o filósofo bigodudo
Alemão Nietzsche
E o kraftwerk
Queria ter exterminado a todos
Com tanto ruído
Mas no fim do mundo
Qualquer coerência
Será punida
Como hoje a nudez
Como hoje o assalto quando se está com fome
Abençoado seja o 
Rrrrrrrrrrído
Ruído lancinante
Penetrante
Agonizante
Que seja
Eu quero ver
Lamber a mesa
Enfiar a mão na calcinha amarela e vermelha
De corrimento e bosta
E cheirar
E gozar
Se masturbando
Pensando que é o cheiro
Da vagina de Gisele Bunchen

Chxxx
ado

Nazista 
E naufrágio
Guerra
Futurismo
Avante
Os esquecidos
Mortos
Desgostos
Esgotos
Porões da ditadura
Câmaras de gás
Alcatraz
Claustrofobia
Medo de altura
Vertigem
Desejos suicidas
De quem se mutila
Por ser mutilado psicologicamente
Com o 
Chxxx
ado

Sem pausa 
Sem nada
Experimente ficar sem fumar
Enquanto agoniza o ruído
Aprenderá música futurista
Ao ouvir os 3 apitos da fábrica

Chxxx
ado

Chxxx
ado


SKELTER - 2000

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