domingo, 27 de fevereiro de 2011

SONHO DE LAGARTO - dedicada a Jim Morrison

Os rostos
Os mortos
Compondo o cenário
Cremado por onde caminho

Não me olhe

Do fundo da sua cova
Eu sou o elegido
Porque eu sou o único vivo
Em meio ao vício de morte, martírio
Que rezam meus contemporâneos
Trabalho, trabalho escravo
Moralismo, moralismo arcaico
Péssimo gosto musical
Massificação no jornal


Em que olhar de esquina 
Se prenunciará minha amante?
Como é a cara dos amantes?
Como é o rosto dos amantes¿
Mortos, engalfinhados, enfileirados
Antevejo seu amor eterno nos corpos
Assassinados, incinerados
Príncipes e mendigos
Burgueses e plebeus
Na vala comum de um extermínio
Dia de humor negro
Chacina ao som de violinos


Não existe neblina no computador
Melhor fugir sem destino

Ruas pavimentadas
Não escondem
Cobras, coelhos, rãs
e pântanos
Cobras, coelhos, rãs
e pântanos
Melhor fugir no mesmo ritmo
Em que chacinei zumbis cotidianos
Cercado de imagens
Mentais e alardes
Crucifixos
Sons corrompidos
Atonais
Bizantinos

Luz demais cegou os olhos de alguém
Ademais ele cagou no meio fio

Que número está inscrito em você?
Qual é o seu código para o deus diabo?

Os homens estenderão a mão
Rirão sorrateiramente
Me darão a mão
para atravessar a rua
na faixa escura

Eu ainda olharei para trás
e verei:
Como é vazio apreciar o vazio!

O que iremos fazer hoje?
Talvez caçaremos os patos
Calçaremos sapatos
Para dançar o cha-cha-cha
Eu tenho que estudar
Tenho que trabalhar
E descansar
Talvez eu celebre a vida
Com um orgasmo ao fim do dia
Vou jorrar no meu amor
ou



Vou explodir na minha mão
A erupção e o sono terno
O descanso dos mortais
O ar puro e a maresia
Descansemos
Amanhã quero ter um dia de formiga
Amanhã quero ter um dia de formiga


Skelter - 2000

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