O mundo é formado por sangues-ruim
Pessoas cuja alma está coagulada
Hemofilia pra eles
Hemofilia pára
Caçadores de vitrines
Olhos plugados nos ventiladores
Sanguessugas
Sangue rugas
Sangues ruim
Sangue
Sanguem sanguem
Gangue de operários
Gangue de padres
Gangue de moralistas
Moram nas listras
Moram nas listas
Preto-e-branco
black and blue
blue and brown
Os sangues-ruim colonizaram o saber
Colonizaram a cama e todo o quarto de dormir
Os sangues-ruim tem um sangue ruim
Deliram sobre a vida
Arruinam a colina
Quebram minha firma
São caspas, são caspas
Meu cabelo cai
Enquanto existem caspas
Seborréia, disritmia ou obesidade
Escolha sua morte
Porque é proibido viver
Entre os sangues-ruim
É proibido o escambo
É proibida a malícia
Porque eles vão chamar a polícia
Quarentena para os sangues-ruim!
Quarentena
Lipoaspiração no cérebro dos sangues-ruim
Oxigenação no cérebro dos sangues-ruim
Seus narizes empinados estão entupidos
Não alimentem os sangues-ruim!
Não alimentem sua sede de regras
Não alimentem seu vício de morte
Uma morte moralista
Uma morte careta
É preciso chocar ou seduzir
É preciso ariar os cantos sujos de sangue-ruim
Coagular as menstruações das sangues-ruim
Sacrificam a saúde pela estética
Fazem do prazer uma via de mão dupla
Fazem do desejo um escorpião suicida
Sangue ruim, sangue ruim
SKELTER - 2000
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
MINHA AMIGA, A FEBRE
Me exime de toda penalidade
Me faz retomar a infância
Com ela recebo os últimos cuidados
De quem em breve receberá meus derradeiros
Estar perdido na cama, entregue
Enquanto os outros se perdem - em triviais labutas
Ah doce infância, em que de outros me depositava na confiança
O mundo familiar girando ao meu redor
Resgato uma inocência, me liberto de todo julgamento
E de toda decisão apressada,
De todo suor roubado
Deitado no leito estou no meu trono
Sinto o mundo se importar comigo
Nunca existi tanto no coração das pessoas
Quanto nos cuidados disciplinados que ora recebo
Ouço a música suave que me remete a férias idílicas
Leio sem compromisso revistas e livros disponíveis
A TV me deixa novidades de um mundo em que não mais participo
Posso saber das coisas sem interferir em seu rumo
Estou de férias do mundo do estressse, das mãos dadas em marcha
Da prontidão alerta de sorrisos, do raciocínio empertigado em aulas,
Da vida mecânica em meio ao relógio e homens de gravata
Posso asssim desvelar minha tristeza
Sentimentos e aura desarmados
Me encontro nu em um olhar melancólico e quente
Não é preciso endireitar os ombros
Não há prática em empostar a voz
Pode ser fatal iludir a um bem estar retórico
A febre me traz saudoso calor
Que se perdeu das relações dos homens
E suas dores me trazem mais compensações
Que as penas voluntárias do ofício
SKELTER - 2-6-2005
Me faz retomar a infância
Com ela recebo os últimos cuidados
De quem em breve receberá meus derradeiros
Estar perdido na cama, entregue
Enquanto os outros se perdem - em triviais labutas
Ah doce infância, em que de outros me depositava na confiança
O mundo familiar girando ao meu redor
Resgato uma inocência, me liberto de todo julgamento
E de toda decisão apressada,
De todo suor roubado
Deitado no leito estou no meu trono
Sinto o mundo se importar comigo
Nunca existi tanto no coração das pessoas
Quanto nos cuidados disciplinados que ora recebo
Ouço a música suave que me remete a férias idílicas
Leio sem compromisso revistas e livros disponíveis
A TV me deixa novidades de um mundo em que não mais participo
Posso saber das coisas sem interferir em seu rumo
Estou de férias do mundo do estressse, das mãos dadas em marcha
Da prontidão alerta de sorrisos, do raciocínio empertigado em aulas,
Da vida mecânica em meio ao relógio e homens de gravata
Posso asssim desvelar minha tristeza
Sentimentos e aura desarmados
Me encontro nu em um olhar melancólico e quente
Não é preciso endireitar os ombros
Não há prática em empostar a voz
Pode ser fatal iludir a um bem estar retórico
A febre me traz saudoso calor
Que se perdeu das relações dos homens
E suas dores me trazem mais compensações
Que as penas voluntárias do ofício
SKELTER - 2-6-2005
INDIGNAÇÃO - texto divulgado quando trabalhava como funcionário público
Esse pessoal do trabalho é chato
Não dizem nada de útil
Povinho fútil
NÃO SOU SANTO NEM PECADOR
Integralmente nem bom nem mau exemplo
Não busco modelo nem faço questão de sê-lo
Mas exijo respeito
ESPREMER NÃO SAI UMA PALAVRA BOA DA BOCA DESSA CORJA
E são psicólogos, formados em serviço social, estudante de direito
E só dizem bobagem, fofoca, vacuidade
Uma vida sutil e preciosa pela frente
E só desperdiçam alfabeto
Comem como porcos
Falam como porcos, hienas, periquitos e corvos
Não estou nem aí pro otimismo e as roupas claras dessa garota
Comungando com a vacuidade
Sorrindo em meio a insetos
Mas está em um grau pelo menos - acima dos outros
Assim como aquele homem de trinta e tantos
E espírito humorado, jovem, tirador de sarrro
Embora estejam todos inseridos na lama
Em maior ou menor grau
E bem mais do que eu - estão comungando da lama
Em vez de se diferenciarem dela
Seus papos giram em torno de amenidades
Como quem estava bêbado na festa passada
Quem parece gay enrustido
Uma novela - televisiva ou da "real" reles vida
-"cê viu quem fulano tá namorando?"
Como se não tivessem vida própria, como se só consumissem a massificação
em sua encarnação mais plena e plástica
Um futebol, a roupa e sapatos novos
Detalhes sobre o churrasco, receita de pudim, investimentos
O lazer de cabresto da TV, da rádio FM e da global imprensa amarela
Cheia de falsas cores de revolta e de plástica alegria com novidades sentimentais
Uma estranha atividade de gastar palavras ao vácuo
Sem realmente estarem dizendo nada um ao outro
Rizadas macabras pipocam de lado a lado
Têm um senso de humor sujo e medíocre
Coisa de hiena, de corvos, de papagaios
Palavras negativas de cansaço e tristeza e acidente, notícia ruim
Poluem mais a sintonia do ambiente
E as pessoas ouvem, digerem com seu café da manhã, consentem e dão linha
Sintonizadas com a baixa frequência dessas relações, pensamentos, comunicação
Mesmo se tratando de pessoas um pouco mais sensíveis, ou um pouco mais críticas ou cultas
Parecem estar todos com medo
Querendo segurança, se amesquinhando socialmente
Se comportando em bando
Empinando orelhas, firmando olhares
Para assuntos banais e improdutivos de diretores de recursos humanos
E diretores disso e daquilo
E funcionários com tantos anos de casa
MAIS OU MENOS COMO FAZEM OU FIZERAM
Na escola diante dos professores
Em casa diante dos pais
Nas ruas com pessoas mais populares
Ou diante de "autoridades" espirituais
E EU TODOS OS DIAS ME CHATEIO COM ELES
Ficando em silêncio a maior parte do tempo
Desejando estar em outro lugar,
Com uma atividade e um convívio menos medíocres
O salário até podia ser menor
ESTOU EU AQUI ESCREVENDO ESSSAS LINHAS DE INDIGNAÇÃO
Na primeira hora do horário de segunda
Bebi um pouco à noite
Me senti bem
Dormi pouco num sofá na casa de um cara
Mas levantei disposto
O álcool me faz pensar que é mais fácil
Lidar com a rotina, com as pessoas, com esse asco
Ambiente poluído - física e humanamente
Sem ter de esquentar a cuca
Take it easy
Mas soltando os sentimentos
Como faço no papel
Como faço ao asssobiar discretamente em meio ao café com a plebe graduada
Como faço ao pisar no chão com
Espontânea agressividade e desprezo
Cheguei a pensar que pode ser interessante
Beber ou fumar um beck antes de vir ao trabalho
Pra suportar e temperar a merda que descarrega esse povo
E essa rotina, que não sendo ociosidade, tesão e sentimento
Somos um monte de ferramentas
COZINHEIRAS COROAS E IDIOTAS, PROVAVELMENTE COM MEDO
E filhos em casa
Além de preparem o café
Fazem questão de subir escadas
E deixar a ração de mão beijada
Para seus superiores
NÃO QUERO TER 1/3 DO MEU DIA, 1/2 DO DIA ACORDADO
Convertido em ferramenta
E comungando com mediocridade resignada
ou indignação abafada
Olhos ficando com o tempo
Melancólicos e doces e piedosos
Ou os músculos perto do nariz e da boca vincados em suco
Pele mais oleosa ou áspera
Fronte de músculos tensionada
Tosse comprimida com a mão na boca
Contendo polidamente coceira e vontade de cuspir
Domando o tom de voz
"Bom dia" cordial e um tanto estratégico
"Bom fim de semana", sincero e feliz
Por afastar-se de certas caras e tarefas
Vislumbrando tênue liberdade de quase 48 horas
QUERO TER MINHA JUVENTUDE ENRIQUECIDA,
Não drenada em um serviço sonífero e burocrático
Não quero terminar o expediente cansado demais pra viver
Ou pensando no cedo do dia seguinte
SKELTER 21-11-5
Não dizem nada de útil
Povinho fútil
NÃO SOU SANTO NEM PECADOR
Integralmente nem bom nem mau exemplo
Não busco modelo nem faço questão de sê-lo
Mas exijo respeito
ESPREMER NÃO SAI UMA PALAVRA BOA DA BOCA DESSA CORJA
E são psicólogos, formados em serviço social, estudante de direito
E só dizem bobagem, fofoca, vacuidade
Uma vida sutil e preciosa pela frente
E só desperdiçam alfabeto
Comem como porcos
Falam como porcos, hienas, periquitos e corvos
Não estou nem aí pro otimismo e as roupas claras dessa garota
Comungando com a vacuidade
Sorrindo em meio a insetos
Mas está em um grau pelo menos - acima dos outros
Assim como aquele homem de trinta e tantos
E espírito humorado, jovem, tirador de sarrro
Embora estejam todos inseridos na lama
Em maior ou menor grau
E bem mais do que eu - estão comungando da lama
Em vez de se diferenciarem dela
Seus papos giram em torno de amenidades
Como quem estava bêbado na festa passada
Quem parece gay enrustido
Uma novela - televisiva ou da "real" reles vida
-"cê viu quem fulano tá namorando?"
Como se não tivessem vida própria, como se só consumissem a massificação
em sua encarnação mais plena e plástica
Um futebol, a roupa e sapatos novos
Detalhes sobre o churrasco, receita de pudim, investimentos
O lazer de cabresto da TV, da rádio FM e da global imprensa amarela
Cheia de falsas cores de revolta e de plástica alegria com novidades sentimentais
Uma estranha atividade de gastar palavras ao vácuo
Sem realmente estarem dizendo nada um ao outro
Rizadas macabras pipocam de lado a lado
Têm um senso de humor sujo e medíocre
Coisa de hiena, de corvos, de papagaios
Palavras negativas de cansaço e tristeza e acidente, notícia ruim
Poluem mais a sintonia do ambiente
E as pessoas ouvem, digerem com seu café da manhã, consentem e dão linha
Sintonizadas com a baixa frequência dessas relações, pensamentos, comunicação
Mesmo se tratando de pessoas um pouco mais sensíveis, ou um pouco mais críticas ou cultas
Parecem estar todos com medo
Querendo segurança, se amesquinhando socialmente
Se comportando em bando
Empinando orelhas, firmando olhares
Para assuntos banais e improdutivos de diretores de recursos humanos
E diretores disso e daquilo
E funcionários com tantos anos de casa
MAIS OU MENOS COMO FAZEM OU FIZERAM
Na escola diante dos professores
Em casa diante dos pais
Nas ruas com pessoas mais populares
Ou diante de "autoridades" espirituais
E EU TODOS OS DIAS ME CHATEIO COM ELES
Ficando em silêncio a maior parte do tempo
Desejando estar em outro lugar,
Com uma atividade e um convívio menos medíocres
O salário até podia ser menor
ESTOU EU AQUI ESCREVENDO ESSSAS LINHAS DE INDIGNAÇÃO
Na primeira hora do horário de segunda
Bebi um pouco à noite
Me senti bem
Dormi pouco num sofá na casa de um cara
Mas levantei disposto
O álcool me faz pensar que é mais fácil
Lidar com a rotina, com as pessoas, com esse asco
Ambiente poluído - física e humanamente
Sem ter de esquentar a cuca
Take it easy
Mas soltando os sentimentos
Como faço no papel
Como faço ao asssobiar discretamente em meio ao café com a plebe graduada
Como faço ao pisar no chão com
Espontânea agressividade e desprezo
Cheguei a pensar que pode ser interessante
Beber ou fumar um beck antes de vir ao trabalho
Pra suportar e temperar a merda que descarrega esse povo
E essa rotina, que não sendo ociosidade, tesão e sentimento
Somos um monte de ferramentas
COZINHEIRAS COROAS E IDIOTAS, PROVAVELMENTE COM MEDO
E filhos em casa
Além de preparem o café
Fazem questão de subir escadas
E deixar a ração de mão beijada
Para seus superiores
NÃO QUERO TER 1/3 DO MEU DIA, 1/2 DO DIA ACORDADO
Convertido em ferramenta
E comungando com mediocridade resignada
ou indignação abafada
Olhos ficando com o tempo
Melancólicos e doces e piedosos
Ou os músculos perto do nariz e da boca vincados em suco
Pele mais oleosa ou áspera
Fronte de músculos tensionada
Tosse comprimida com a mão na boca
Contendo polidamente coceira e vontade de cuspir
Domando o tom de voz
"Bom dia" cordial e um tanto estratégico
"Bom fim de semana", sincero e feliz
Por afastar-se de certas caras e tarefas
Vislumbrando tênue liberdade de quase 48 horas
QUERO TER MINHA JUVENTUDE ENRIQUECIDA,
Não drenada em um serviço sonífero e burocrático
Não quero terminar o expediente cansado demais pra viver
Ou pensando no cedo do dia seguinte
SKELTER 21-11-5
CÓDIGOS E FUNÇÕES DA MENTIRA
Mentira desperta a imaginação
Mentira prodigia a memória
Mentira desenvolve pois a inteligência
Mentira "desinibe a desinibição"
Mentira poupa de roubos e arroubos
Mentira é polpa de estórias pródigas
travestidas de um H no começo da sílaba
Mentira é relíquia - que não imacula a autencidade
Pois é autêntico conquistar seus planos
Mentiras sinceras, mentiras místicas
Mentiras sem dramas, mentiras melodramáticas
Mentir é poesia
Mentir é poder
Função de poeta, o "fingidor que sente o que não sente"
Função de artista
Enquanto o autista paladino da verdade
Só diz e exclama o que pensa, o que o corpo expressa
E até a alma penada sente
Sem dá ibope, nem bop, nem prosa
Mentira é relógio normal, mentira dá corda pra trás
Uma regra pra pintar o sete
Para comparsas imaginários e almadiçoados
Inventa um nome que não lhe simpatiza ou uma lista seleta
Joque nele ou nela a culpa de todas as causas que não valem a pena serem ditas
Mentiras brancas
Mentiras brandas
Não fazem mal a ninguém
e não desvalorizam o inestimado valor da sinceridade
Apenas são atalhos
Pode até soar como pidada
E render boa gargalhada
Tilintar de copos
Um piscar de olhos
Mentira pontual
Sem vacilo,
viadagem
A sangue frio
Sem pestanejar
Como olho de serpente
Pois a grande peste é ser um espelho na pastagem urbana
Livro aberto na goteira do breu do mundo
Que discrimina não pela mentira,
Mas até pra vírgula da sinceridade
Então, enquanto o mundo não é pleno de intenções
Não sejamos ingênuos e encurtemos atalhos
O mundo espelha o som e a fúria
Deus na Terra é a Imagem
Mentiras que seduzem
Para cobiçar o amor verdadeiro!
Só alcançável com a chave do encanto
Ainda que de falso brilhante
Mentiras que têm efeito de verdade
Quando o "enganado" crê e o que engana é crível
Mentiras abrem portas
Inclusive da percepção
E também servem pra
Fechar portas e indesejáveis janelas
Mentira é malandragem, jeito de corpo brasileiro, ginga
Mentira faz o jogador driblar
Viva Mané Garrincha
Grande mentiroso!
Vocação nacional
Difamada nos castelos de areia do racionalismo e da igreja
Bem vinda e até querida
Nos palcos do teatro,
E até dos palcos da vida e da rotina bruta
O amante ocultar a ferida
Que a fratura exposta do sentimento oceânico repele a amante
Mentira é verdade mandamento passagem construção de personagem
Nesse nós que somos vários e contraditórios
Estampa real
Além do bem e do mal
Mentira zen
E mentira fatal
Festa de folia
Vestido com estampa pra realçar o esparso e o excesso
Debaixo de manto de luto
Mentira é sorriso por dentro sem espaço social
Mandamento de sobrevivência no inferno
Lei da adaptação
Seleção natural
Estado místico, mítico
Sacanagem
No pôr-do-sol
Beijo partido
Coração roubado
Flerte dos amantes
Montagem de espetáculos amorosos
E épicos
Mentira prodigia a memória
Mentira desenvolve pois a inteligência
Mentira "desinibe a desinibição"
Mentira poupa de roubos e arroubos
Mentira é polpa de estórias pródigas
travestidas de um H no começo da sílaba
Mentira é relíquia - que não imacula a autencidade
Pois é autêntico conquistar seus planos
Mentiras sinceras, mentiras místicas
Mentiras sem dramas, mentiras melodramáticas
Mentir é poesia
Mentir é poder
Função de poeta, o "fingidor que sente o que não sente"
Função de artista
Enquanto o autista paladino da verdade
Só diz e exclama o que pensa, o que o corpo expressa
E até a alma penada sente
Sem dá ibope, nem bop, nem prosa
Mentira é relógio normal, mentira dá corda pra trás
Uma regra pra pintar o sete
Para comparsas imaginários e almadiçoados
Inventa um nome que não lhe simpatiza ou uma lista seleta
Joque nele ou nela a culpa de todas as causas que não valem a pena serem ditas
Mentiras brancas
Mentiras brandas
Não fazem mal a ninguém
e não desvalorizam o inestimado valor da sinceridade
Apenas são atalhos
Pode até soar como pidada
E render boa gargalhada
Tilintar de copos
Um piscar de olhos
Mentira pontual
Sem vacilo,
viadagem
A sangue frio
Sem pestanejar
Como olho de serpente
Pois a grande peste é ser um espelho na pastagem urbana
Livro aberto na goteira do breu do mundo
Que discrimina não pela mentira,
Mas até pra vírgula da sinceridade
Então, enquanto o mundo não é pleno de intenções
Não sejamos ingênuos e encurtemos atalhos
O mundo espelha o som e a fúria
Deus na Terra é a Imagem
Mentiras que seduzem
Para cobiçar o amor verdadeiro!
Só alcançável com a chave do encanto
Ainda que de falso brilhante
Mentiras que têm efeito de verdade
Quando o "enganado" crê e o que engana é crível
Mentiras abrem portas
Inclusive da percepção
E também servem pra
Fechar portas e indesejáveis janelas
Mentira é malandragem, jeito de corpo brasileiro, ginga
Mentira faz o jogador driblar
Viva Mané Garrincha
Grande mentiroso!
Vocação nacional
Difamada nos castelos de areia do racionalismo e da igreja
Bem vinda e até querida
Nos palcos do teatro,
E até dos palcos da vida e da rotina bruta
O amante ocultar a ferida
Que a fratura exposta do sentimento oceânico repele a amante
Mentira é verdade mandamento passagem construção de personagem
Nesse nós que somos vários e contraditórios
Estampa real
Além do bem e do mal
Mentira zen
E mentira fatal
Festa de folia
Vestido com estampa pra realçar o esparso e o excesso
Debaixo de manto de luto
Mentira é sorriso por dentro sem espaço social
Mandamento de sobrevivência no inferno
Lei da adaptação
Seleção natural
Estado místico, mítico
Sacanagem
No pôr-do-sol
Beijo partido
Coração roubado
Flerte dos amantes
Montagem de espetáculos amorosos
E épicos
Um bom mentiroso guarda debaixo da manga
Uma grande verdade
E melhor lhe cai bem mentir
Quando ele também se mostra frágil, sincero, humano
O bom mentiroso pode até revelar falhas
Pois elas equilibram a desconfiança do ser perfeito
E podem até ter um verniz enternecedor
Mentira poupa de solidão
Humilhação
E chacota
Mentira só é calhorda
Quando seu autor é mesquinho do peito
Ou doente da imaginação
Intelecto ou memória,
Da organização
Pois mentir,
Como tantas virtudes
Exige disciplina
Desapego
Coragem
Bom senso
Exige como tantas qualidades
Um se entregar
Uma vigília
Uma racionalização
Para não ser pego pelo conto da verdade
A mentira é o um dos 10 mandamentos
Da lei divina
Que postula-se de acordo com a seleção natural, espelho de Deus
Da adaptação
Da diversidade
E exemplos se encontram fartos na natureza
Desde o camaleão à aranha com suas teias invisíveis
E também serve pra sacanagem
Mas um alerta:
Mentira só cai bem
Pra quem diz a verdade
Pra quem mente de coração limpo
Esse que não se furta a dizer a verdade quando a pode ocultar
É o que melhor tem crédito pra mentir
E o homem autêntico, sincero, sabe que a vida
E as palavras se escrevem por linhas tortas e sinuosas
Sem espaço pra mentiras vãs nem mentiras de caráter
Quem postula contra a mentira está surdo para a verdade
SKELTER - 14-1-11
domingo, 27 de fevereiro de 2011
SAUDADE DAS MULHERES
Tenho saudade das mulheres
A saudade dos presidiários e soldados longe do lar
A saudade dos eunucos, dos impotentes e tetraplégicos
A saudade dos privados de algum sentido capital, ainda que o sexo
A saudade dos padres quando são inconscientemente traídos em sonho erótico
A saudade dos coroinhas solitários pecando nos banheiros
Com medo de deus e dos dedos duros de deus
A saudade das freiras ao ter diante de si um homem nobre que exala força e carisma
Mas cujo amor está votado unicamente para deus
A saudade dos poetas errantes e pobres que transpiram cachaça e cigarro contemplando desolados as meninas bem vestidas e sorridentes que passam ignorando monumentalmente sua aflição
Sua pena de poeta
Pena de poeta
A saudade dos trovadores byronianos que suspiram de amor apenas por aquela eleita musa lânguida, alva, nobre e inacessível
A saudade dos adolescentes cheios de hormônios
Mas que não sendo chefes de rebanhos medíocres refugiam-se no olho e na mão diante do PC à espera patética de uma tecnologia que torne o virtual cada vez mais crível
A saudade do plebeu apaixonado pela sofisticada que o despreza como um subalterno e animal
A saudade dos trabalhadores sem status nem chave de carro nem xavecos estúpidos que se contentam com buscar alívio numa relação simplista com uma barata e fria, cronometrada prostituta
Com quem tem uma estranha relação sem beijo
E cujo orgasmo é quase um despejo e uma ressaca moral e uma mijada
Uma bomba-relógio: "10 minutos já passou, goze logo, não deixe rastro!"
A saudade dos homens mau casados que se mantém fiéis a suas mulheres frígidas
E a saudade dos velhos que sentem que não curtiram o suficiente os prazeres do amor e da carne na juventude
Sim, tenho saudade das mulheres
A saudade dos presidiários e soldados longe do lar
A saudade dos eunucos, dos impotentes e tetraplégicos
A saudade dos privados de algum sentido capital, ainda que o sexo
A saudade dos padres quando são inconscientemente traídos em sonho erótico
A saudade dos coroinhas solitários pecando nos banheiros
Com medo de deus e dos dedos duros de deus
A saudade das freiras ao ter diante de si um homem nobre que exala força e carisma
Mas cujo amor está votado unicamente para deus
A saudade dos poetas errantes e pobres que transpiram cachaça e cigarro contemplando desolados as meninas bem vestidas e sorridentes que passam ignorando monumentalmente sua aflição
Sua pena de poeta
Pena de poeta
A saudade dos trovadores byronianos que suspiram de amor apenas por aquela eleita musa lânguida, alva, nobre e inacessível
A saudade dos adolescentes cheios de hormônios
Mas que não sendo chefes de rebanhos medíocres refugiam-se no olho e na mão diante do PC à espera patética de uma tecnologia que torne o virtual cada vez mais crível
A saudade do plebeu apaixonado pela sofisticada que o despreza como um subalterno e animal
A saudade dos trabalhadores sem status nem chave de carro nem xavecos estúpidos que se contentam com buscar alívio numa relação simplista com uma barata e fria, cronometrada prostituta
Com quem tem uma estranha relação sem beijo
E cujo orgasmo é quase um despejo e uma ressaca moral e uma mijada
Uma bomba-relógio: "10 minutos já passou, goze logo, não deixe rastro!"
A saudade dos homens mau casados que se mantém fiéis a suas mulheres frígidas
E a saudade dos velhos que sentem que não curtiram o suficiente os prazeres do amor e da carne na juventude
Sim, tenho saudade das mulheres
AO GÊNERO FEMININO TAL COMO SE APRESENTA MÚLTIPLAS VEZES
Tentar convencer uma mulher a não ser egoísta e mesquinha
É como dissuadir um vampiro de chupar seu sangue com os caninos no seu pescoço
Tentar convencer uma mulher a ser sincera
É como convencer uma aranha que revele suas teias menos transparentes
Tentar convencer uma mulher a não ter malícia e veneno
É como convencer um escorpião a abdicar de seu ferrão
Tentar convencer uma mulher de abrir mão de seu jogo rotineiro de sedução
É como converter uma cobra a não rastejar sinuosa no chão
Tentar convencer uma mulher de que aceite sua essência, franqueza ou fragilidade
É como tentar convencer um predador a aceitar a inferioridade contextual de sua presa
"se vais encontrar a mulher, não esqueças de levar o chicote" Nietzsche
É como dissuadir um vampiro de chupar seu sangue com os caninos no seu pescoço
Tentar convencer uma mulher a ser sincera
É como convencer uma aranha que revele suas teias menos transparentes
Tentar convencer uma mulher a não ter malícia e veneno
É como convencer um escorpião a abdicar de seu ferrão
Tentar convencer uma mulher de abrir mão de seu jogo rotineiro de sedução
É como converter uma cobra a não rastejar sinuosa no chão
Tentar convencer uma mulher de que aceite sua essência, franqueza ou fragilidade
É como tentar convencer um predador a aceitar a inferioridade contextual de sua presa
"se vais encontrar a mulher, não esqueças de levar o chicote" Nietzsche
SOLIDÃO ÚMIDA - dedicada a Morrisey
como canção inspira-se em Time Has Told Me, de Nick Drake
Solidão úmida
Na piscina se divertem
Por que, AINDA?
Não tenho uma companhia
Todos acasalados
Sigo minha rota errante
"Sou humano e preciso ser amado
Na piscina se divertem
Por que, AINDA?
Não tenho uma companhia
Todos acasalados
Sigo minha rota errante
"Sou humano e preciso ser amado
assim como todo mundo"*
Até quando?
Até quando?
Será que num ato extremo
Alcançarei um astro¿
Tantas constelações no céu
Qual delas zela por mim?
Tantas estrelas ao redor
E moscas me rodeiam
Alcançarei um astro¿
Tantas constelações no céu
Qual delas zela por mim?
Tantas estrelas ao redor
E moscas me rodeiam
E os enamorados
choram a ausência um do outro
por um ínfimo instante
Eu também clamo
Mas por toda eternidade
"O amor é natural e real
Menos pra mim, meu amor"*
Eu também clamo
Mas por toda eternidade
"O amor é natural e real
Menos pra mim, meu amor"*
Menos pra mim, meu amor
Mergulho na piscina
Permaneço no fundo
As águas se agitam
Sem dissolver minhas lágrimas
Que inundam a corrente
Varrendo meus sentimentos
pra pátria do ocaso
Enquanto me afundo
Like a rolling stone
Entre tantas pedras na calçada
Solitárias como eu
Entre tantas pedras na calçada
Solitárias como eu
em meio ao seu destino imóvel
E indiferentes
Rígidas à sua sina
Veja
Uma corrente arrastou
E indiferentes
Rígidas à sua sina
Veja
Uma corrente arrastou
dois seres estranhos e belos
a um encontro sublime
Outro vento levou meu coração
À encruzilhada
Onde rezo desamparado
Outro vento levou meu coração
À encruzilhada
Onde rezo desamparado
como um pagão sem fé
O coração selado,
O coração selado,
batendo forte, arritmado
Como uma bomba que não explode
Ameaça todo equilíbrio frágil
Civilizado e bruto
Mas ameaça todo equilíbrio frágil
Civilizado e bruto
Como uma bomba que não explode
Ameaça todo equilíbrio frágil
Civilizado e bruto
Mas ameaça todo equilíbrio frágil
Civilizado e bruto
* versos de Morrisey nos Smiths: I am human and I need to be loved just like everybody else does; Love is natural and real but not for me my love
WALK WALK WALK
Walk, walk, walk, wall-king
Walking alone
Walking by myself
Walking with nobody else
Walk with no reason
No reason to walk
No reason to walk walk walk
No reason to walk walk walk
Walk walk walking
With no reason, with no spinning
Walking to be free
in the dirt dirt city
in the creep dirt disease
Walking with no king
Walking with no crown
Walking like a frog
Walking like a clown
No reason to walk
Walk walk wall-king
SKELTER - 20-1-2011
Walking alone
Walking by myself
Walking with nobody else
Walk with no reason
No reason to walk
No reason to walk walk walk
No reason to walk walk walk
Walk walk walking
With no reason, with no spinning
Walking to be free
in the dirt dirt city
in the creep dirt disease
Walking with no king
Walking with no crown
Walking like a frog
Walking like a clown
No reason to walk
Walk walk wall-king
SKELTER - 20-1-2011
A VIDA É UM PURGANTE (letra de música rockabilly inspirada em Leo Jaime e João Penca e Seus Miquinhos Amestrados)
A vida é um purgante
Essa vida é um purgatório
De dia com a família
Parece um velório
À noite nas esquinas
O tempo
Escooooorre
Sem mina no gatilho
Passar o sábado sozinho
Matar leão por dia
Essa vida determina
E de noite na cama
Abraça-me a insônia
O trampo é uma merda
O tutu é tão - POOOOUCO
Se não tomar cuidado
Acabar ficando louco
Mas a vida inda me paga
Vou virar o jogo
Eu ainda não tô morto
Num buraco entro saio por outro
Baby, tô no comando
Me seguro no volante
De óculos escuros
Três mil alto-falantes
Inda saio do aperto
Não, não, não, não sou cachorro
S.O.S pros carentes, revoltados e pros loucos
Yeah
Fodas yeah
FODAS YEAAAAAAAAAH
SKELTER - fev 2011
Essa vida é um purgatório
De dia com a família
Parece um velório
À noite nas esquinas
O tempo
Escooooorre
Sem mina no gatilho
Passar o sábado sozinho
Matar leão por dia
Essa vida determina
E de noite na cama
Abraça-me a insônia
O trampo é uma merda
O tutu é tão - POOOOUCO
Se não tomar cuidado
Acabar ficando louco
Mas a vida inda me paga
Vou virar o jogo
Eu ainda não tô morto
Num buraco entro saio por outro
Baby, tô no comando
Me seguro no volante
De óculos escuros
Três mil alto-falantes
Inda saio do aperto
Não, não, não, não sou cachorro
S.O.S pros carentes, revoltados e pros loucos
Yeah
Fodas yeah
FODAS YEAAAAAAAAAH
SKELTER - fev 2011
SINFONIA FUTURISTA - tributo a Metal Machine Music (Lou Reed)
Estando eu no prepúcio
da má vontade
Prepúcio do tédio
E no crepúsculo de outras atra-i-ções
Eu,
Como num ritual ante a morte
Vou cantando canhoto
Quaiquer coisa
Sem um instrumental,
Ligo o rádio
Não nas músicas
Que destoam do ritmo que canto
Do meu caráter dodecafona
Sintonizo a falta de sintonia
Fora do ar é só um chxxxiado
-penetrante
É um som denso
Sem influências
e autêntico
(quem sabe é a nova era?)
Que serve pra acompanhar meu canto
Que tenho vergonha que alguém ouça
Então esse chxxxiado
-lancinante
Me protege de alguém
Me protege de você
Eu me faço ser ouvido
Mentalmente no estridente
E ninguém lá fora tem o poder de me ouvir
O meu solo de uma nota só
Impede a aproximação de estranhos normais
-sua aproximação
E vou cantando
Eu unplugged
Eu
Canto algo que tenha um sentido absurdo
Solipsista
Enquanto rosno uma letra
Algo parece fluir
Existir
Concretizar
É o próprio ritmo desritimado
Desfibrado
É a palavra não dicionarizada
Aqui na minha voz que se perde no comprimento do ar comprimido
Enquanto canto
Somente Sou
A extensão do indefinível inquieto
E do simples complexo
Sou apenas uma voz
Sou apenas um ruído
E a vida parece ter consistência
Sublinhada na voz
Dentro do tom da falta de tom
Lancinante e agudo
Zumbido
Zumbizeira
Arquejo
De frango
És tu
Entre as mulheres
Entre o som do novo milênio
Desfolhado
Encapelado
Sozinho
Sôfrego
Não mais
"No more
Lonely nights"
E até a vida parece densa
Sem dança
Quando é só uma voz
Um só movimento
Um só foco
Um sufoco
Desfocado
E aborto
Abortivo
No ruído
chxxx
O movimento de tudo ser uno
Frágil, precário
Precavido
Na falta de sentido
Caótico
Dinâmico
Orgânico
Anárquico
Uma dança
Um balé
Executado à beira da execução
Dos dançarinos
Imagens mais soft
Mais light
Para o disparate
De um coração
Morno
Regular pressão
Sem sustos e vícios
No coração da cidade
Ocaso
Pátria do desbunde
Mutação genética
Somos o novo som
Ruídos e farsas
Novos nomes pra coisas antigas
Ancestrais
Dilúvios
Sonoros
Picantes
A mesa está posta
Faça um barulho
Ninguém vai te ouvir
Tudo entra no tom
Na Sinfonia Fora de Tom
No aborto
Dos indecisos
Dos vagantes sem ermo
Dos luminares sem êxito
Dos que pregam pros cachorros
Ou como São Francisco
Dos que pregam pra porcos
A mando do Vaticano
Ou como os assassinos
Condenados à morte
Recém convertidos
Na melhor das hipóteses
Esperando que não seja
O pior dos castigos
No inferno
Morrer de tédio
Ou morrer de vício
Morro de agonia?
Renasço
Na toca do horizonte
Edifício perfeito
Torto como a Torre de Pizza
Como um pênis
Convalescido
Convencido de nada
De nada agradecido
De nada envolvido
Greatful Dead
Morto Agradecido
Mas aqui jazz um morto
Ingrato e soturno
Noturno
Solto
No espaço
Jaz no ocaso
Um brinde ao triunfo
Blitzkrieg sonoro
Triunfante êxito
À nova Alemanha
Fascista e eletrônica
Kraftwerk e a Mona Lisa
Berlin e Belo Horizonte
Horizonte sem abrigo
O abrigo debaixo de escombros
O exílio cercado de minas
E bombas
Acima
Câmaras de gás
Que venha Alcatraz
Estou preparado
Estou farto
Pra ser torturado
Sons dissonantes
No tango
Avantes
Chxxx
Complemento
Cada interferência
É aclimatada
No canto
De quem não sabe de nada
Não sabe fazer música
Mas quem não sabe?
Sabe morrer
E respirar
Já é músico e dá aula
Na Sinfonia Fora do Tom
Distorção
Feedback
Assalto
Noise
É noise
Pro futuro
Sem futuro
Do palhaço sem circo
Dos que não tomam banho
Com roupas rotas
Fazendo o som do amanhã precoce
Ejaculando precocemente não
Antes fosse
Ejaculando sob tortura
Com um fio de nylon
Com serol
Enfiado no seu botão
Ainda jazendo a milhas daqui
Você se recobre
E eu me despeço
E muito
Eu peço
Pra me esquecer
Nessa onda maquiavélica
De citações nazistas
De olheiras profundas
Café e cigarros
Tragos na bebida vagabunda
De tudo um pouco
De nada nessa vida
De tudo "a miséria S.A.
Que acabou de chegar"
Chxxx
Chiado
-penetrante
Dilúvio
Sonoro
No canto
Abismo
Acalanto
De intrigas
Rimas
Rima
Rime
Rimem
No hímen dos intocáveis
Sem sons harmônicos
E melodias
Armadilhas
Covil
Intrigas
Não quero mais escalas
Quero buzinas
Quero futurismo
Quero chacinas
Guerras e vizinhas
Estupradas
Depauperadas
De pernas pro ar
De pernas pra cima
De pernas abertas
Prontas pra receber
Um jato de esperma
Cansado de chacinar meus gametas
Em solitárias pias
Latrinas
Revistas
Telas de computador
Que não mais secam
No calor
Tropical
Laranja mecânica é eufemismo
Futurismo "No Future"
E acalanto
Pós-orgasmo
Arrependido
Furioso
Enaltecido
De glória nenhuma
Frio
Como som eletrônico
Kraftwerk
Comprimido
Comprimidos
Latrinas
Vazias
Morte
Esquinas
Vãos da estrada
Que dá em nada
Que dá em
Chxxx
ado
Chxxx
ado
Sem compasso
Quaternário
Fora de tom
Chega de orgasmos
Chega de doces
Chega de orvalhos
Quero o azedume
Dessas putas arrebatadas
Um ovário que contém
200 ml de sêmen
E não tem pra mais ninguém
Aqui quem fala já morreu
Aqui quem fala sou eu
Perdido no umbral
Num romance astral
Com a dor
De não ter dor
Com a dor de peito
Com a dor de cabeça
Com a dor do parto
Sem sobremesa
Com a dor de nascer
Sem ter onde morrer
Com a dor de morrer
Sem ter onde renascer
Pairando no abismo
Infinito
Os olhos comprimidos
Comprimidos azuis
Pra dormir melhor
Fumarato de quetiapina
É a receita do dia
E eu vou ficando
Débio mental
E você está alugando
No meu jornal
Um espaço de emprego
Pro seu ouvido
Pra sua atenção
Não cobro na entrada
Mas se sair sem pagar
Te pego na esquina
Te mostro a gasolina
Te encharco
Te furo
E faço um número piromaníaco
Te mando pro novo Faces da Morte
Aqui é chxxx
ado
Não tem intervalo
Acostuma-se com isso
Melhor um dia estar surdo?
Ouvirá na eternidade
Feedbacks
Distorções
Atonais
Transações
Comadres
E compadres
Venham
Que já é tarde
Estou e estais
De passagem
No mundo do caos
No mundo da cidade
O novo som
Me contamina
Agita minhas penas
Esconde sua saliva
Não arrote na mesa
Seu som não destoa
Mas minha imaginação condena
O que não é espelho
Por isso um som
Solipsista
Sonic Youth
Estaria bem na plateia
Ou acompanhando
A cerimônia
2.000 alto-falantes
2.000 sem cerimônia
Chxxx
ado
E não tem descanso
E não será pago por isso
No final me aplauda
Ou saia calado
Qualquer som não destoa
Mas não faça melodia
Mas não faça sentido
Com as palavras vazias
De um discurso
Vazio
De uma retórica
Idem
Do seu racionalismo
Do seu academicismo
Do seu achismo
Da sua prepotência
De seu semi analfabetismo
De seu sêmen louco e combalido
Ou de muito escolarizado
Mas com uma inteligência cariada
Sem caos
Que não apraz a nada
"Ainda há caos dentre de vós?"
Pergunta o filósofo bigodudo
Nietzsche pra cima e pra baixo
Mas nada é meu triunfo
O poder
Desejo de potência não
Desejo de impotência
Id de morte
Ide e não voltai
Pulsão de morte
De nadificar as coisas
Nivelar tudo por baixo
Ou por cima
Ou dentre camadas
De chamas
E de migalhas
De sortes avestruzes
Que enfiam
Sua cabeça pequena
Na areia
E engolem pedras
Como você engoliu aquele esperma
Como você se entopiu nas artérias
De medo e de culpa
De deveres e danças pra chuva
Aqui não tem abrigo
Melhor ser atonal
Dançar conforme a música,
Aqui é não dançar
Ou dançar com uma agulha
Na cabeça
Acupuntura
Na cachola
Uma bala sustenida
A arma apontada
Não tem saída
Você pagou pra me ouvir
Você pagou
Agora tem de pagar
Tem de pagar de novo
Você paga pra sofrer
Você paga pra viver
2 anos a mil
E eu educo o Brazil
Com ruídos
Sobrepostos
Sobre o funk
Sobre o discurso
Científico
Religioso
Sertanojo
Pagodeiro
Metalóide
Alcalóide
e sem Freud
Que ele não explica o ruído
Mas tentou
O Inconsciente
Ainda grita
Pulsa de medo
Pulsa de impulsos
Sem mandamentos
Patricidas
Parricidas
Incestuosos
Lombrigas
Devaneios
Todos
Estão à mesa
Tolos
Estão à beça
A questão é ir mais fundo
Sinta o cosmos
Sinta o ruído
-penetrante
Lancinante
O dilúvio
Metamorfose
Sol
Escafandro
Chxxx
ado
Chxxx
ado
Como o canto dos pássaros
Como a água da chuva
Como o chuvisco das ondas na TV
Fora do ar
Fora do ar
Mas o que está no ar?
o Fora do Ar
Está no ar
O derretimento
De todas as ilusões de persona
De todas as identidades
De toda razão
De toda retórica
De todos os partidos
De todas as filosofias
Do pós-moderno
Ao meu quintal
Passando pela colheita
E pela estatística da posse de bola
5 escanteios
3 chutes a gol
Nenhum gol marcado
Marcação cerrada
Chxxx
ado
Chxxx
ado
Tenho pra você uma nova dieta
No fim do mundo
Não se ouvirá mais música
"A vida sem a música seria um erro"
Disse o filósofo bigodudo
Alemão Nietzsche
E o kraftwerk
Queria ter exterminado a todos
Com tanto ruído
Mas no fim do mundo
Qualquer coerência
Será punida
Como hoje a nudez
Como hoje o assalto quando se está com fome
Abençoado seja o
Rrrrrrrrrrído
Ruído lancinante
Penetrante
Agonizante
Que seja
Eu quero ver
Lamber a mesa
Enfiar a mão na calcinha amarela e vermelha
De corrimento e bosta
E cheirar
E gozar
Se masturbando
Pensando que é o cheiro
Da vagina de Gisele Bunchen
Chxxx
ado
Nazista
E naufrágio
Guerra
Futurismo
Avante
Os esquecidos
Mortos
Desgostos
Esgotos
Porões da ditadura
Câmaras de gás
Alcatraz
Claustrofobia
Medo de altura
Vertigem
Desejos suicidas
De quem se mutila
Por ser mutilado psicologicamente
Com o
Chxxx
ado
Sem pausa
Sem nada
Experimente ficar sem fumar
Enquanto agoniza o ruído
Aprenderá música futurista
Ao ouvir os 3 apitos da fábrica
Chxxx
ado
Chxxx
ado
SKELTER - 2000
O PODER DE SE ERGUER COM O EXEMPLO ALHEIO
Eu me enxergava assim
Fraco demais
Então eu vi você
Mais fraco que eu
Eu fiquei baby mais motivado
um bocado!
Muito obrigado
Você me animou
Seu animal articulado
Não me peça pra explicar isso
Mas o teu exemplo me incentiva
Perto de você eu sou até forte
Perto de você eu posso ver que tenho salvação
A tua presença me subiu um degrau
Você só me deu apoio
Agradeço a você
Que me deu uma alternativa
Antes só me comparava pra baixar minha canina estima
Então eu te vi...
Você chegou assim,
Do nada
E com aquela falta de brilho
E de luz!!
Que só você teeeeeemm
Você mudou o meu astral
Oh! que belo exercício agora
Que bela ginástica
E que bela higiene mental agora
poder se comparar com os outros
poder se comparar com os outros
Os outros ostras
Os outros extras
Skelter - 2000
Fraco demais
Então eu vi você
Mais fraco que eu
Eu fiquei baby mais motivado
um bocado!
Muito obrigado
Você me animou
Seu animal articulado
Não me peça pra explicar isso
Mas o teu exemplo me incentiva
Perto de você eu sou até forte
Perto de você eu posso ver que tenho salvação
A tua presença me subiu um degrau
Você só me deu apoio
Agradeço a você
Que me deu uma alternativa
Antes só me comparava pra baixar minha canina estima
Então eu te vi...
Você chegou assim,
Do nada
E com aquela falta de brilho
E de luz!!
Que só você teeeeeemm
Você mudou o meu astral
Oh! que belo exercício agora
Que bela ginástica
E que bela higiene mental agora
poder se comparar com os outros
poder se comparar com os outros
Os outros ostras
Os outros extras
Skelter - 2000
VIVER É MORRER - dedicada a Ian Curtis (Joy Division) (letra de música)
Viver é morrer
Aos poucos
Aos porcos
Poucos resplendores
Resplendores
Intercalados de dores
Aos poucos louco
Aos poucos porco
Espaços parvos pardos
Loucos'stagnados
De impotência
Legitimada impotência
Pouco a pouco
Porco a porco
Em corpos cadeaaados
Desencadeados
PelaAAlma
Desencarnada de Luz
Viver é morrer
Viver é morrer
Aos toscos
Aos porcos
Poucos resplendores
Poucos resplendores
Intercalados
De cortes
Aos poucos louco
Aos poucos roto
Laços ramos escassos
Loucos'tagnadas
Loucos'stagnados
De impotência
Legitimada impotência
Pouco a pouco
Corpo a corpo
Em corpos siderados
Desencadeados
Desencadeadas
Pela alma
Desencarnada de Lúcifer
Skelter - 2000
Aos poucos
Aos porcos
Poucos resplendores
Resplendores
Intercalados de dores
Aos poucos louco
Aos poucos porco
Espaços parvos pardos
Loucos'stagnados
De impotência
Legitimada impotência
Pouco a pouco
Porco a porco
Em corpos cadeaaados
Desencadeados
PelaAAlma
Desencarnada de Luz
Viver é morrer
Viver é morrer
Aos toscos
Aos porcos
Poucos resplendores
Poucos resplendores
Intercalados
De cortes
Aos poucos louco
Aos poucos roto
Laços ramos escassos
Loucos'tagnadas
Loucos'stagnados
De impotência
Legitimada impotência
Pouco a pouco
Corpo a corpo
Em corpos siderados
Desencadeados
Desencadeadas
Pela alma
Desencarnada de Lúcifer
Skelter - 2000
SONHO DE LAGARTO - dedicada a Jim Morrison
Os rostos
Os mortos
Compondo o cenário
Cremado por onde caminho
Não me olhe
Do fundo da sua cova
Eu sou o elegido
Porque eu sou o único vivo
Em meio ao vício de morte, martírio
Que rezam meus contemporâneos
Trabalho, trabalho escravo
Moralismo, moralismo arcaico
Os mortos
Compondo o cenário
Cremado por onde caminho
Não me olhe
Do fundo da sua cova
Eu sou o elegido
Porque eu sou o único vivo
Em meio ao vício de morte, martírio
Que rezam meus contemporâneos
Trabalho, trabalho escravo
Moralismo, moralismo arcaico
Péssimo gosto musical
Massificação no jornal
Em que olhar de esquina
Se prenunciará minha amante?
Como é a cara dos amantes?
Em que olhar de esquina
Se prenunciará minha amante?
Como é a cara dos amantes?
Como é o rosto dos
amantes¿
Mortos, engalfinhados,
enfileirados
Antevejo seu amor eterno
nos corpos
Assassinados,
incinerados
Príncipes e mendigos
Burgueses e plebeus
Na vala comum de um
extermínio
Dia de humor negro
Chacina ao som de
violinos
Não existe neblina no computador
Melhor fugir sem destino
Ruas pavimentadas
Não escondem
Cobras, coelhos, rãs
e pântanos
Cobras, coelhos, rãs
e pântanos
Melhor fugir no mesmo ritmo
Não existe neblina no computador
Melhor fugir sem destino
Ruas pavimentadas
Não escondem
Cobras, coelhos, rãs
e pântanos
Cobras, coelhos, rãs
e pântanos
Melhor fugir no mesmo ritmo
Em que chacinei zumbis
cotidianos
Cercado de imagens
Mentais e alardes
Cercado de imagens
Mentais e alardes
Crucifixos
Sons corrompidos
Atonais
Bizantinos
Luz demais cegou os olhos de alguém
Ademais ele cagou no meio fio
Que número está inscrito em você?
Qual é o seu código para o deus diabo?
Os homens estenderão a mão
Rirão sorrateiramente
Me darão a mão
para atravessar a rua
na faixa escura
Eu ainda olharei para trás
e verei:
Como é vazio apreciar o vazio!
O que iremos fazer hoje?
Talvez caçaremos os patos
Calçaremos sapatos
Para dançar o cha-cha-cha
Eu tenho que estudar
Tenho que trabalhar
E descansar
Talvez eu celebre a vida
Com um orgasmo ao fim do dia
Vou jorrar no meu amor
ou
Sons corrompidos
Atonais
Bizantinos
Luz demais cegou os olhos de alguém
Ademais ele cagou no meio fio
Que número está inscrito em você?
Qual é o seu código para o deus diabo?
Os homens estenderão a mão
Rirão sorrateiramente
Me darão a mão
para atravessar a rua
na faixa escura
Eu ainda olharei para trás
e verei:
Como é vazio apreciar o vazio!
O que iremos fazer hoje?
Talvez caçaremos os patos
Calçaremos sapatos
Para dançar o cha-cha-cha
Eu tenho que estudar
Tenho que trabalhar
E descansar
Talvez eu celebre a vida
Com um orgasmo ao fim do dia
Vou jorrar no meu amor
ou
Vou explodir na minha mão
A erupção e o sono terno
O descanso dos mortais
O ar puro e a maresia
Descansemos
Amanhã quero ter um dia de formiga
Amanhã quero ter um dia de formiga
Skelter - 2000
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