Holden:
Podem me deixar com empregos alienantes, ou sem grana
Podem me deixar sem mulher ou só mulheres que esnobam minha sensibilidade em favor de padrões, belezas e até critérios no fundo machistas
Podem me deixar apenas em más-companhias ou sem afinidade e sem alguém que eu possa realmente chamar “amigo”
Podem me deixar com familiares que não passam de um contraste ou um quartel
Podem me levar a psiquiatras que me dopam
Podem me trancafiar em hospícios
Podem me levar a psicólogos e psicanalistas que só rezam cartilhas vencidas aprendidas numa faculdade míope
Podem me colocar em escolas que me alienam do meu potencial e da minha subjetividade
Podem praticar bullying comigo
Podem me dar uma vaga numa universidade que não tem nada de universal e que de particular tem apenas uma especialização alienante, da qual eu deserto
Podem me fazer nascer uma pessoa sensível numa sociedade de moral anti-subjetiva, capitalista e de moral judaico-cristã
Podem me chamar de irresponsável e me acusar de me portar como vítima
Podem me dar uma maré de azar, encostos e karma ruim
E eu seguirei com passos de tartaruga
Lentos, conscientes, inconscientes, firmes no propósito de serem suaves
Atravessando a maré, à espera de dias melhores
Vivendo o dia de hoje como um soldado da minha própria paz
Sem pressa, sem stress, sem culpa, cobrança, sem sacrifício, sem reação, e todos esses dejetos psíquicos que me ensinaram
Sem mesmo esperança no amanhã, pois antes de ser escravo do tempo vindouro,
Sou um agente do aqui-agora e sereno
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