Se ninguém quer minhas flores
O q fazer
Escrever poesias pra ninguém ler
Cheio de amor
Mas nenhuma mulher me quer
Tenho uma presença leal e culta
Mas ninguém quer ser meu amigo
Quem sabe murcham essas flores
Quem sabe murcham essas flores
Quero dar aulas
Mas ninguém quer meus serviços
Espalho currículos
Mas ninguém me contrata
Quero sair
Mas ninguém quer minha companhia
E n tenho dinheiro pra nada
E n tenho apoio de ninguém
Repleto de idealismo
Mas sem aliados
Quem sabe murcham essas flores
Quem sabe murcham essas flores
E esse poema cretino
Ninguém vai ler
Uma andorinha só n faz verão
Uma andorinha só n faz verão
“Sonho q se sonha só
É só um sonho q se sonha só”
E esse poema cínico
Ninguém vai ler
Carência
Tédio
Desespero
Ficar na cama
Ficar na net
Sem ninguém pra conversar
Sem ninguém pra compartilhar
Nobody
Nobody
E os fins de semana vão sendo vividos impunemente na solidão
E os fins de semana vão sendo vividos impunemente na solidão
E esse poema irritado
Ninguém vai ler
Ignorado
Ignorado
Subestimado
Subestimado
Subestimado por todos
Mergado de trabalho
Potenciais amigos
Mulheres
Oh
Mulheres
Onde estão as mulheres
Dizem q tem mais do q homem
“Mas n há galinha em meu quintal”
“Mas n há galinha em meu quintal”
Nunca há
Meu sexo e meu amor ficando enferrujados
Quem sabe murcham essas flores
Quem saber murcham essas flores
Eu vou no sarau vira lata
Recitar meus poemas
Pra obter nenhum reconhecimento
E nenhuma oportunidade de publicar
Aprimoro meus poemas
Transformo-os em letras de música
Anuncio q quero montar banda
E ninguém me chama pra fazer sequer um teste
E esse poema desconsolado
Ninguém vai ler
Mas se eu postar no facebook
E marcar meus colegas
Alguém vai curtir
E nada vai mudar
E nada vai mudar
Um idiota vai fazer média
“Excelente”
Outros vão ignorar
Mas ninguém no fundo está nem aí
Muito menos pros meus dramas
Ninguém está nem aí
E ninguém é solidário
E ninguém faz parceria
E o q aprender com isso
Tornar-me um cínico¿
Ficar ainda mais orgulhoso¿
Ficar com pena de mim por ser um gênio incompreendido¿
Aprimorar meu jardim¿
Aprimorar meu jardim¿
Pra quem
Pra quem
Eu digo pra quem
Pra ninguém
Nobody
Nobody
E esse poema desesperado ninguém vai ler
E todos vão permanecer indiferentes
Indiferença
Indiferença
A quilo eu estaria rico
Ricooooooooooooooo
E esse poema desvairado
Ninguém vai ler
Poemas na gaveta
Poemas na gaveta
Músicas na partitura
Teatro no texto
Ninguém vai pras ruas
Nenhuma obra minha
Vai desfilar no carnaval
“um livro de poesias na gaveta
N adianta nada”
“um livro de poesias na gaveta
N adianta nada”
Ser artista marginal
Ser artista marginal
É demais pro seu quintal
Artista marginal n é quem vc pensa
Sou eu
Sou eu
O artista marginal
E esse poema intragável
Ninguém vai ler
E desse desabafo
Ninguém quer saber
E ainda vão dizer
Vc escreve coisas melhores q isso
Isso é só um desabafo
Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh
Eu digo de novo
Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh
Esse poema colérico
Ninguém vai ler
Não vai ser publicado
Nem vai virar moeda de troca
De poetas marginais
“hey, vc tem qualquer contribuição pra minha poesia¿”
“hey, 50 centavos, qualquer coisa”
Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh
Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh
E esse poema disforme
Ninguém vai ler
“Yes, nós temos poesia
Pra ninguém publicar
Pra ninguém ler”
E já se passaram 34 anos e nada
NADAAAAAAA
NADAAAAAAA
Escrevo desde os 15
Pra nada
Nadaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
E pensar q meu sonho é ser um artista reconhecido
Alguém q tem condições de viver da sua arte
E por falar nisso
Eu sou o verdadeiro artista marginal
Aquele que não está no livro 26 Poetas Hoje
Nem em coletânea alguma
Aquele q n publica livro
Aquele que podia revolucionar as artes
Mas que não publica seus textos em lugar nenhum
Não grava disco
Não consegue montar banda
E ninguém musica seus poemas
E esse poema encardido
E esse poema tosco
E esse poema bastardo
Ninguém vai ler