sábado, 6 de abril de 2013

NO OLIMPO DOS ALTISTAS MALDITOS



SKELTER:
- ninguem me ama rs
ninguem me ker - rs r..
ninguem me chama
de BAUDE-LAIRE

estranhos príncipes alados 

com halos no bar
e o "cheiro do ralo"
na mesa do altar


SKELTER:
- kkkk
ridículo !

ninguem me chama de Rimbaud
atras da moita
com antonin artaud

(o riso de um monstro mostra os dentes
orgulhosamente -
cariados de sangue)

PRINCE WHITE STRIPES:
um prince white stripes
de listras vermelhas
e brancas se destaca na mesa
um gesto aberto com o braço
apartando outros risos
me diz em tom profundo
ainda q amigo
por entre rubros dentes:
- vc n passa de um carente

ARLEQUIM AFEMINADO:
alguem no fundo - no fundo - grita
(agudo pela distancia)
um alecrim afeminado e lindo:
filhinho de um doido
internado no hospicio
cagado de uma mae,
n planejado e caçula
caçoa de todos
q estao aqui ha mais tempo
imita Rimbaud
e no Parnasos mija

PRINCE CEGO:
prince cego de tez amassada como neblina na montanha parda do cimo da cidade de conde dracula (rsrs):

- vc quer parir sua amante
mas n me diz nada
n passa de clichê
um intelectual frustrado

SKELTER olha pra baixo
pensando fazer 

jogo de cena
melhor ser mais humilde
n vale a pena:
- e se eu vos perguntar...
respeitosamente como quem n sabe fazê-lo -
um ignorante -
devo me calar?
devo escavar mais fundo?
devo me tornar um santo
de todo vagabundo?

ANÃO:
- oxalá! pai de santo!
(um anão ri contido
outro entope as veias de amianto)
senta-te no chao
n és digno desse nome
se ainda quer respirar
a atmosfera q cantamos
melhor abrir seu bar
estamos esperando
mas n diga nada
do q viu naquele sonho
festa e assassinato
orgia pelos canos

PRINCE WHITE STRIPES:
- ra-ta-ta-ta
mais uma vez -
deixa eu falar 
(diz o prince white stripes,
com voz estrondosa de mano racional)
e assim, se consentem:
ter milho ou mina no meu quintal:

o ritual vai começar
n brilhe mais q a lua
q o sol eu nem digo
só pq esteve tanto tempo
na cela do bendito 
André Luíz em BH
comporte-se à mesa
n jogue pérola aos porcos
aqui n tem pulo do gato
se quiser ir longe
dê de urso um abraço
fique de boca alada
arrume um patuá

ANÃO COM GAITA A TIRACOLO:
"Não: não digas nada
Supor o que dirás
A tua boca velada
É ouvi-lo já
É ouvi-lo melhor
Do que o dirias
O que és não vem à flor
Das frases e dos dias
És melhor do que tu
Não digas nada, sê
Graça no corpo nu
Que invisível se vê"
canta o anão com gaita a tiracolo
feito Bob Dylan
bandido
versão soldado
miserável 
capataz dos anões
e sorri
ao término do cantar
como a lua crescente
fio dental lunar

PRINCE SOBERANO:
ar compungindo
o soberano príncipe coça o queixo
continua o maldito:

se queres de rato transar
na toca dos abutres
beba da fonte do esquecido
abandone os seus nomes
vista-se de rebanho indie 


(riem os anões)

cordeiro asno astuto
n ignore a lei dos homens
mas reflita pensa muito
medita se é isso mesmo
o q procura
pois lhe digo, meu amigo
a terra já está escura ...


e a loucura está à espreita
de portas curandeiras 
e azedas
como martini
no café da manhã
armando um sal grosso
pro elixir de um pescoço
câncer ou suicídio
n teima suas crises
a lhe ofertar
sempre 
que não humilde
não se curvar
e glorificar o silêncio
o rastro de dor
não consumida
é dor compungida
melhor ser muito pior do que eu
do q estar no breu
de uma cinza aurora
rodeada de carniça
labuta e desgosto
solidão e alcatraz
n sirva de isca a um destino
agourento e impune
se quer servir de algo
a esses porcos por ora
lamba o chão
q aqui pisamos
n teima
sem demora
rastreie todos os seus passos
como vampiro
n queremos laços

e qdo ia continuar,

ANJO DA TROMBETA:
um anjo des-traído,
passando rápido soa
uma sétima trombeta
sem anunciar o fim dos tempos
mas o começo de outros
ouros e amargos 
dias e noites compridos
de saia justa
e calcinha enfiada no rego do cowboy:

já pode começar
o patrão n atura tanto atraso
por uma "divina" criatura

PRINCE CEGO:
o cego príncipe alado ainda lhe sussurra:
saiba ser um inseto
q camufla a arma dura
saiba ser sozinho
- como jesus
na hora da loucura
atravesse o proprio deserto
nas noites obscuras,
prepare uma fogueira
com a lenha dos seus sonhos
repare nas estrelas
ainda brilham - falecidas
e isso é o q lhe resta
nessa festa, nessa fresta ...

agarre a besta

dócil pelo chifre
lhe faça um chamego
lhe narre um convite
conte estórias pra si mesmo
1001 noites em BH
ajudará a se manter são

com imaculada tez
e...
apenas lhe dê uma Razão,
n poda sua insensatez


AQUELE Q SE CHAMAVA PRINCE, PRESIDENTE:
- já chega - diz "o altista 
que se chamava prince" 
presidente da mesa sinistra
diz em tom de brincadeira:
criado limpe a mesa
criatura "divina",
se aconchega
no espinho q lhe espeta
n esqueça do trabalho
mate a si mesmo
e buda, 
se o vir em sonho

enterre no lago transparente 

essa corrente
em "chuva púrpura"
esqueça essa promessa
vc n precisa de dentes 

q dilaceram a propria lingua
nem precisa de trapos 

franciscanos ou cínicos
saiba se portar
no caos e na trincheira
no aborto legal ou elétrico
ou à propria maneira
leia o seu livro
entao o jogue fora
guarde apenas consigo
ninguem dará esmola
afetiva ou

BESTA GRAVE:
- ou toque de pedra 
filosofica 
completa uma besta mais grave,
e sem asas

porem sereno como terremoto
como q adivinhando a reza
q ha muito tempo sussurra a brisa

continua o PRINCE CEGO:
qdo sair tranque essa porta
guarde bem sua chave
escute seu nome no fígado
e diga aos homens mais tarde
"oh bem-aventurados
estou e estais de serviço"
empregue todo o seu tempo
a observar seu excesso
tanto de grito qto de nexo
tanto de luta, canto de luto
observe a lua
disfarçado consulte os astros
sua jornada n termina
onde os operários do sonho, 

cansaço
esqueça da morte
esqueça do medo
de um dia sair vencido 

vingado
no degredo

no degelo
n se esmoreça
há razões pra q n se mutile
divirta-se com parcimônia
no jogo da morte e da vida
se insinue entre os homens
sem nunca se retirar do deserto

diz o PRINCE WHITE STRIPES:
- qdo o fogo fátuo,
carente se revelar 

Indiscreto
acenda o seu cigarro
e observe na fumaça 

industrial e caótica
a face do proprio "mal"
depois mais calmo

"pela ordem"
dê outro trago
respire fundo
sem forçar uma vírgula
firme a vista num cenário
virá um deus 

digital e besunto
verá uma saída
mas n se apresse ainda
no recinto vago de neblina
és só um dentre vários
observe mais
outras linguagens

outros portais
incluindo as cinzas 

surreais
e da brasa virá aquele
de ferro e de saliva
de comunhão e seleção
caminho "racionalista"

n tema perder o diamante
q em suas mãos abriga
de toda uma vida
de sofrimento e tímida glória
apenas fique atento
à história, ao Agora
sua hora tarda
mas como a morte, 

n cora
em verdade conservar-se-á o ouro
só terá valor no mercado
negro ou legal
porta da frente ou porta dos fundos
além de "bem" e "mal"
ou solitário e surdo
estoico ou hedonista
conquistador ou nominalista
nome na lista

se, mesmo cuidadoso,
estiver do ouro, autônomo

QUEM ESTAVA MUDO:
BASTA!
disse quem estava mudo
só esperou a eternidade
efêmera
para dar a este assunto
esse alerta, um término de pedra
comungada nos canos 
das bestas
para eu escrever nessa pena
o q eu vi
nessa festa 
nessa merda
com um bando de metidos a besta
cardeais do velho mundo
abrigando o sono profundo
e a loucura da aurora
agora vou-me embora
realizar a profecia
de dia guardo Maria
de noite abrigo João Demente

e Capataz na minha mente
"não não digas nada"
.
.
.

(continua)



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