sábado, 13 de julho de 2013

MARCHINHA BEATNIK

Estamos
no meio de um deserto
Encharcados
de desilusões

Morremos
na beira da praia
Saldando
um rastro de inglórias

Vendemos
barato a força
Encabeçamos
um protesto na forca

A cabeça
Devoramos infinito
No peito
um dó sustenido

Engalfados
Semi-loucos
Mal-amados
Translúcidos

Salivamos
À beira do abismo
Chapamos
No corredor do hospício

Aceitamos
A malícia e o alvitre
Batemos asas
No céu de artifício

Louvamos
A glória eterna
Saudamos
Na hora da insônia

A luxúria
E de energia desperdício
Um amor
tão mal consumido

Apocalípticos
Vagabundos
Malditos
Perseguidos

Na labuta
O sol de espora
Explora
Coração cinzento

De cinzas
seu pulmão esfolheia
Cigarros
e intrigas mil
Num céu
prateado e anil

No ocaso
um drama grosseiro
Refinado
de intenções e lamentos

Ligeiros
fogos e meios
Outrora
mudos e insanos

Paranóicos
Ruminantes
Antenados
Solitários

No presente
amordaçados em cheio
Indiferença
Farinha do desprezo

Um drama
tão cotidiano
Mundano
Sem visão
que transcende

Lutamos
na porta da fábrica
Agonizamos
cachaça barata

Voltamos
pra casa sozinhos
Tentamos
noites traiçoeiras

Divagamos
mil noites no escuro
Um brilho
soturno e imundo

Saturno
Vênus
e Marte
Júpiter
Lua
e Urano

Marginal
Sem prata póstuma
Corrompido
De ódio
E vândalo

Sal da terra
Roxa e marrom
Da noite
Saindo do tom

Mal pagos
Tresloucados
Delirantes
"No future"

Engalfados
Semi-loucos
Mal-amados
Translúcidos

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