quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

CARNAVAL PERDIDO (Tristano)


Mais um carnaval não vivido
Como uma colheita ceifada por insetos
Mais uma celebração sem registro da memória
Não por embriaguez ou vergonha
Noites de luxúria e álcool derramadas lá fora
Nenhum consolo que não o de estudos e viagens insanas, sóbrias
Nenhum beijo partido, roubado, seqüenciado
O tempo passando tão devagar que assusta olhar pra trás
Ver que tantos carnavais somam-se com o estigma da solidão
Desejos reprimidos contabilizam quantas festas vindouras restam
Para ter saúde pra brincar de se estragar,
Em uma explosão dos sentidos: noites não dormidas: tudo é permitido
Hoje nada lhe é permitido
Só uma data para folgar e invejar Arlequim
Enquanto um mundo maquina liberdades e libidos
Antes, crítico, preferia denunciar redundante que o rei dessa festa pagã está nu
Hoje, como criança carente, faz um carinho tóxico em si mesmo, cru
E constata, desajeitado em seu consolo,
Que o tempo ainda não irá corroer sua face de menino
Nas festas de um amanhã
Carnaval perdido

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